quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Diabetes e idoso
Ceder ao pedido da vovó por apenas um docinho é mais perigoso do que parece. Pequenas doses de açúcar podem comprometer o equilíbrio dos índices de glicose de um diabético por mais de dois meses. E diabetes não controlada, no caso dos mais velhos, é sinal de complicações. É por isso que a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) acaba de lançar um alerta aos endocrinologistas sobre a importância de, sempre que o diabético for idoso, fazer um trabalho paralelo com a família e com cuidadores.

Segundo o endocrinologista Saulo Cavalcanti, a maioria das pessoas não sabe que o diabetes tem implicações diferentes no idoso, como alteração na personalidade, atenção, concentração e linguagem. Além disso, as artérias dos diabéticos são mais envelhecidas que sua idade real, o que no idoso passa a ser ainda mais preocupante, já que podem ficar de 10% a 15% mais velhas, facilitando a ocorrência de infarto do miocárdio e derrame cerebral. Na opinião do especialista, o idoso não pode, portanto, ser tratado como o adulto. Os idosos diabéticos sofrem com doenças concomitantes e alterações cognitivas. "Muitas vezes, ele vai para um psiquiatra quando precisava, na verdade, de um maior controle do diabetes e um trabalho com a família", explica.

A causa desses distúrbios comportamentais está relacionada à menor oxigenação do cérebro, já que o entupimento das artérias celebrais é mais comum no idoso. Até a medicação tem ações diferentes nesse paciente, com efeitos colaterais e contraindicações que devem ser acompanhadas de perto pelo médico. Muitas das queixas dos idosos, como urinar com frequência, sede, catarata, micoses, alterações de memória, falta de concentração e modificações do humor, muitas vezes são desvalorizadas pela família, que acredita que os sintomas façam parte do envelhecimento.

Segundo a endocrinologista Adriana Bosco, o diagnóstico em idosos também tem diferenças, já que o diabetes vai ficando mais silencioso com a idade. De acordo com a médica, cerca de 70% dos diagnósticos em idosos é feito em exames de rotina, sem que ele chegue ao consultório queixando-se de nada. No tratamento em idosos, Saulo Cavalcanti defende a ativa integração da família nos cuidados, já que devido a distúrbio de memória, os diabéticos idosos podem ingerir as medicações de forma errada, em doses maiores ou menores, levando ao descontrole da doença.
Fonte: Carolina Cotta – Diário de Pernambuco – 27/julho/2010

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